Projeções populacionais reforçam urgência de cuidados oftalmológicos masculinos
O Brasil está passando por um processo demográfico que resulta no aumento do número de pessoas idosas. Já somos o quinto país com maior número de idosos do mundo. Segundo dados do IBGE (2022), já são 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 15,6% da população. Em pouco mais de duas décadas, esse número dobrou — e as projeções mostram que, nos próximos anos, o grupo de idosos será maior que o de crianças. Com base em dados históricos, é possível aplicar uma média de 45% de homens entre a população idosa no Brasil, sendo que a projeção para 2029 indica que, dos 38,5 milhões de idosos estimados, cerca de 17,3 milhões serão do sexo masculino.
Esses números reforçam a importância de políticas públicas voltadas à saúde e ao bem-estar da população masculina idosa. Homens estão mais suscetíveis a uma série de condições que comprometem a saúde visual, muitas vezes de forma silenciosa e progressiva. Traumas oculares, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), glaucoma e retinopatia diabética estão entre as principais condições que comprometem a saúde visual masculina.
De acordo com Camila Munayer, médica do corpo clínico do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), a prevenção e exames oftalmológicos regulares são fundamentais, especialmente a partir dos 40 anos. “Para se ter uma ideia, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que 1 milhão de brasileiros com mais de 40 anos tenham glaucoma. Deste total, aproximadamente 70% ainda não foram diagnosticados”, alerta. O glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva que danifica o nervo óptico e compromete o campo visual, sendo uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. A prevalência da doença cresce com a idade: estima-se que entre indivíduos com mais de 60 anos, até 6% já estejam acometidos, enquanto entre os maiores de 75 anos esse percentual é ainda mais elevado.
Ela destaca ainda outras condições que merecem cuidados, como a retinopatia diabética, complicação grave do diabetes. Estima-se que a retinopatia afete até 40% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 25% com tipo 2, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A doença ocorre quando o excesso de glicose danifica os vasos da retina, podendo causar hemorragias, inchaço e, em casos graves, descolamento de retina e perda visual irreversível. No Brasil, mais de 7 milhões de pessoas com diabetes estão em risco, reforçando a importância do exame de fundo de olho anual para diagnóstico precoce.
“O descolamento de retina, que pode ocorrer após traumas ou em casos de miopia acentuada, também apresenta maior incidência no público masculino. Embora menos comum, a síndrome do olho seco tem aumentado entre homens por causa do uso excessivo de telas e exposição a ambientes climatizados”, explica Camila Munayer.
Outra condição importante é a DMRI, Degeneração Macular Relacionada à Idade, que afeta a mácula, área da retina responsável pela visão central. Os sintomas incluem visão central embaçada, distorcida ou com manchas escuras, o que compromete atividades como leitura, escrita e reconhecimento de rostos.
“Enxergar bem é fundamental para manter a autonomia, a segurança e a qualidade de vida em todas as fases, especialmente na maturidade. Com o envelhecimento da população brasileira e a maior incidência de doenças oculares silenciosas, a prevenção se torna a melhor estratégia. Consultar regularmente um oftalmologista, adotar hábitos saudáveis e tratar precocemente qualquer alteração na visão são passos simples que fazem toda a diferença para garantir olhos saudáveis por mais tempo”, conclui Camila Munayer.
atualizado em 18/08/2025 - 12:37