Dificuldade no acesso ao tratamento durante quarentena pode causar recaídas; saiba como procurar ajuda especializada nesse momento
Nas últimas semanas, a Covid-19 se tornou a principal pauta mundial. Além da doença em si, que causa mudanças drásticas em diversos hábitos da população, outros problemas recorrentes de toda essa situação estão ganhando destaque. O aumento nos casos de alcoolismo e dependência química, por exemplo, podem estar ligados a pandemia de coronavírus.
Dados da organização Alcoólicos Anônimos (AA) observam que houve aumento significativo na procura por informações online sobre o grupo. Por outro lado, aplicativos de entrega relatam o aumento nos pedidos de bebida alcoólica. Enquanto isso, algumas instituições que auxiliam dependentes químicos precisaram fechar as portas devido ao isolamento social.
A psicóloga Ana Paula Ribeiro explica que o período de grande estresse atual aliado ao isolamento social, ansiedade e a mudança drástica na rotina da população podem ser gatilhos para quem sofre com este tipo de dependência. “Por isso, muitas instituições investiram nos encontros online para garantir a sobriedade deste público. O problema é que nem todas as pessoas vítimas desse transtorno possuem fácil acesso e disponibilidade em casa para tais encontros. Além disso, para quem vive sozinho ou não possui apoio familiar, os gatilhos de recaída podem ser ainda mais fortes durante a quarentena”, explica.
Ana Paula destaca que o melhor a se fazer nesse momento é continuar cuidando da saúde mental – mesmo que seja remotamente. “Caso conheça uma pessoa que sofre com esse tipo de dependência, mantenha contato e ofereça apoio, mesmo à distância. Caso observe algum sinal de recaída, entre em contato com um profissional para explicar os sinais e saber como agir”, acrescenta.
Para quem é vítima de qualquer vício, a psicóloga enfatiza a importância de continuar com o acompanhamento psicológico e os encontros necessários para a reabilitação. “Diversas instituições estão oferecendo voluntários nesse momento para manter contato pelo telefone ou plataformas digitais. Enquanto isso, as instituições também foram autorizadas a atender presencialmente quem necessite, seguindo as recomendações de higiene e prevenção contra a Covid-19. Os grupos de encontros, que são uma ferramenta super importante na manutenção da sobriedade, também estão mantendo as atividades online”, diz.
Fonte: Ana Paula Ribeiro Imbuzeiro, psicóloga, especialista em neuropsicologia e neurofeedback.
atualizado em 17/06/2020 - 16:20